Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

O Norte exportador




É quase uma notícia de rodapé. Como se já fosse hábito. O Porto de Leixões teve em abril um aumento das exportações de 30%, com um máximo histórico de 1,7 milhões de toneladas carregadas num só mês! E, mais do que um mês bem sucedido, o acumulado de subida das exportações é até agora de 13% em 2013 face a 2012.

O que exportamos mais? Combustíveis refinados, ferro e aço, bebidas, papel e cartão, máquinas e produtos químicos. Os países onde as empresas portuguesas encontraram novos clientes são a Argélia (mais 150%), Marrocos (mais 61%), EUA (mais 45%), Reino Unido (mais 44%) e França (mais 39%).

É extraordinário. Há dois países em Portugal. Este é o silencioso, fruto de sangue, suor e lágrimas. Há dezenas de milhares de trabalhadores e algumas centenas de empresários e diretores comerciais de mala na mão por este mundo fora a fazer a tal 'coisa' sempre pomposamente dita pelo Governo: fazer a inversão da balança comercial do país e fazer a retoma. Este país merecia então duas coisas que continuam a não garantir: organização no Governo e segurança (fiscal e criminal) no país.

Sobre esta última, está na hora de começar a dizer ao ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, que as coisas estão a passar dos limites. São demasiados os assaltos às empresas, às infraestruturas elétricas e em tudo o que está nas ruas e pode ser vendido a peso. Este Governo está a ser cúmplice com os "Godinhos das sucatas" (generalização que permite aos leitores compreenderem do que falo) por falta de vigilância aos locais de receção de material rapinado. Obviamente que o primeiro crime é de quem aceita as peças técnicas, tampas de ruas, cobre, etc.. Mas a era das "sucatas" continua impune, tal como nos governos anteriores com as negociatas de ferro velho da Refer e outras empresas públicas. Não quero pensar em corrupção tácita (nos grandes ou pequenos centros de poder), mas isto é demasiado gritante para que continue assim, às descaradas.

Por outro lado começa a ser cada vez mais questionável a segurança pública de pessoas e bens. Dir-se-á que é o estado do país. Mas desde quando isso legitima a violência e o furto? Sei bem que os países vão parar 'aqui' quando a escalada de degradação social avança. Mas não podemos aceitar isto como um facto consumado. Além disso, a criminalidade corrói outro centro vital da recuperação do país: o turismo.

Por fim, o ministro Miguel Macedo deveria mostrar mais respeito pelas forças de segurança e pelo seu brutal estoicismo em defender o indefensável. O exemplo, caricato, de considerar que uma esquadra como a que está ser reabilitada, em Aldoar, no Porto, não deve ter camaratas básicas para os guardas poderem descansar umas horas em dias em que cumprem 16 horas de trabalho (entre horário-base e horas extraordinárias obrigatórias para fazerem vigilância a eventos desportivos, por exemplo), é exemplo da absoluta insensibilidade. É pior: é ridículo e envergonha simbolicamente o esforço da PSP e GNR ao longo deste país.

Mas este Norte exportador precisa igualmente que se estalem os dedos e se retire a opinião pública do hipnotismo de considerar que os investimentos em ferrovia são inúteis. Por exemplo, seria muito bom que o Porto de Leixões e a Galiza estivessem ligados por ferrovia de bitola europeia - mais do que o canto da sereia de curto prazo com que o ministro Álvaro acenou ao 'Norte': o da ligação Porto-Vigo mais rápida, como foi manchete deste jornal ainda há dias.

Talvez o Minho tire partido da ligação. Duvido que o aeroporto o possa fazer (os horários são irreais para esse fim). Mas estamos a esquecer o essencial. E o essencial é o vazio de propostas do Governo para conseguir pôr a funcionar uma rede ferroviária de bitola europeia que possa unir o Norte a Espanha, e daí até ao resto da Europa. Manter as pequenas e médias empresas portuguesas, que exportam para a Europa, totalmente dependentes da rodovia é um erro que só compreenderemos quando for tarde de mais. Mas cinco ou dez anos de distância é a eternidade para governos que passam a medir o seu sucesso pela estratégia de propaganda paga a peso de ouro às agências de comunicação. Tal como na fase final de Sócrates, voltamos aqui: é tudo a fazer de conta. Só Cavaco não vê.

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